O tema abriu debates por todo o país, após relato de influencer
O ano de 2025 trouxe à população o debate sobre adultização infantil. O tema ganhou repercussão na mídia brasileira após o influenciador digital Felipe Brassanim Pereira, conhecido popularmente como Felca, denunciar a exploração de menores em conteúdos na internet.
Em vídeo, o influenciador mencionou conteúdos de Hytalo Santos e do canal “Bel para Meninas”. Ele também citou o canal administrado pela mãe de Caroliny Dreher, menor de idade.
Felca aborda sobre a classificação de adultização, como à exposição de crianças e adolescentes em situações desconfortáveis e até as supostas vendas de conteúdos íntimos por menores de idade, como o caso de Caroliny Dreher.
A gravação já ultrapassa mais de 49 milhões de visualizações, com trechos de conteúdos publicados pelas pessoas que o youtuber tinha como alvo.
Após a repercussão sobre o assunto, a justiça da Paraíba decretou as prisões de Hytalo Santos e Nata Vicente, conhecido como MC Euro.
Para entendermos mais sobre o assunto, conversamos com a psicóloga, pós graduada em saúde mental, Gelly Nicandrea. Segundo ela, a adultização infantil corresponde a exposição precoce a determinados tipos de padrões e algumas responsabilidades que somente os adultos têm e que, muita das vezes, ela é facilitada, por meio do uso inadequado das mídias sociais.
“Isso acaba fazendo com que a criança seja exposta e faz com que que ela exerça papéis pelas quais somente um adulto deveria desempenhar, e isso vai trazer prejuízos irreparáveis, pois esse tipo de exposição vai privar a criança de brincar, de poder se desenvolver com brincadeiras livres, além disso, não vai poder ter uma infância e vai estar sempre sendo vulnerável a processos de ordens emocionais por conta da adultização”, enfatiza a psicóloga.
O estímulo ao crescimento precoce também expõe essas crianças à sexualização ou erotização. “Ou seja, que desperte uma excitação em alguém, para que assim ela seja visualizada como um adulto. Esse é o maior combate que a gente tem em relação à sexualização infantil: quando os adultos expõem a criança a esse tipo de processo, logo sabemos que tem uma demanda por trás disso, e corresponde a questão do próprio abuso e pedofilia. Essa prática envolve também outras questões, como as pessoas que querem explorar a imagem da criança, para que assim possam ter lucros dentro do processo”, afirma Gelly Nicandrea.
A psicóloga alerta que o perigo dessa sexualização é devastador, já que a criança vai ser afetada em várias áreas da vida, principalmente no desenvolvimento cognitivo, e em outras questões vulneráveis que ela vai ser exposta.
“ Quando uma criança fica exposta a esse tipo de processo, com toda certeza, ela vai apresentar sinais.”
“Entre os sinais mais comuns estão: a irritabilidade; o próprio esgotamento afetivo, com prejuízos relacionados à baixa autoestima e processo de vulnerabilidade com a autoimagem; questões dolorosas que podem levar a criança ou adolescente a situações de estresse, ansiedade, depressão e insegurança.”
Impacto que as mídias sociais exercem no público infantil
De acordo com a psicóloga, há muitos prejuízos relacionados à exposição de crianças e adolescentes em mídias digitais, como o Instagram, Tik Tok e YouTube. “ Por conta que está criança vai estar vulnerável, sem acompanhamento de um adulto. O ideal para esse processo, é proteger a criança de conteúdos inadequados e também ensinar sobre a privacidade e os próprios limites.”
Gelly Nicandrea ressalta que, justamente por crianças e adolescentes ainda não terem maturidade, acabam transformando o que enxergam na mídia em verdade absoluta. “Isso faz com que os padrões que elas observam na TV ou nas telas apareçam, para elas, como uma forma ideal e única, levando-as aos extremos de crises depressivas e doenças de ordem psicológica grave, que podem levar ao suicídio. Por isso, temos que ter muito cuidado”, finaliza a especialista em saúde mental.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) reforça que a infância e a adolescência são períodos cruciais para a saúde mental e desenvolvimento cerebral. Quando há quebras nas fases importantes para o desenvolvimento, como é o caso da adultização precoce, ela pode afetar o resto da vida de quem vivenciou situações como essas.
Além do mais, o córtex pré-frontal, região do lobo frontal do cérebro, responsável pelas funções cognitivas superiores, como o planejamento para as tomadas de decisões, memória de trabalho e regulação das emoções, só completa a maturação completa aos 25 anos. O que enfatiza ainda mais os cuidados que os responsáveis devem ter com o acesso de crianças e jovens na internet.
Gabrielle Nogueira | Front Saúde







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