Linha de Frente

Estudo avalia impacto do mercúrio em grávidas Munduruku

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciou um estudo para avaliar a contaminação por mercúrio em gestantes Munduruku devido ao garimpo ilegal e suas possíveis consequências nos bebês.

O objetivo é investigar como a exposição ao mercúrio afeta o desenvolvimento neurológico das crianças Munduruku que vivem em áreas próximas a garimpos de ouro no Médio e Alto Tapajós. As gestantes serão acompanhadas durante a gravidez até o nascimento do bebê e por mais dois anos após o parto.

O garimpo ilegal de ouro tem sido um problema na região desde a década de 1980 e piorou nos últimos anos, com relatos de tensão e intimidação dos garimpeiros em relação ao povo Munduruku.

O mercúrio é usado no garimpo para separar o ouro de outros sedimentos, mas é descartado nos rios e transformado em metilmercúrio, uma substância extremamente tóxica que contamina a cadeia alimentar, afetando micro-organismos e peixes carnívoros.

A exposição ao mercúrio pode causar problemas respiratórios, renais e danos ao sistema nervoso humano. Um estudo anterior da Fiocruz, realizado em 2019, detectou níveis de mercúrio em cabelo de indígenas Munduruku e em peixes consumidos na região.

Cerca de 60% dos indígenas apresentaram níveis de mercúrio acima dos limites seguros, especialmente nas áreas mais afetadas pelo garimpo ilegal.

Crianças menores de cinco anos também mostraram problemas de coordenação motora e fala. No entanto, não foi possível estabelecer uma relação direta de causa e efeito com base nesse estudo.

A pesquisa atual pretende responder se a exposição pré-natal ao metilmercúrio, por meio do consumo de peixes contaminados, afeta o desenvolvimento cognitivo e a coordenação motora das crianças Munduruku.

Profissionais de saúde indígenas acompanharão gestantes em dez aldeias Munduruku, coletando amostras de cabelo e cordão umbilical para avaliar a exposição ao mercúrio em diferentes estágios da gravidez e monitorando os bebês por 24 meses após o nascimento. Estima-se que cerca de 250 gestantes e bebês participarão do estudo, que conta com o apoio de órgãos como a Sesai, Funai e Ministério da Saúde.

O aumento do garimpo ilegal em terras indígenas na região Norte do Brasil tem causado uma contaminação generalizada por mercúrio, afetando não apenas os povos Munduruku, mas também outras comunidades indígenas.

O governo brasileiro tem enfrentado críticas e pressões internacionais para conter essa atividade ilegal e proteger os territórios indígenas. A consulta formal aos povos indígenas pela Convenção de Minamata, da ONU, busca obter informações sobre a contaminação por mercúrio e suas consequências nas terras indígenas, visando à adoção de práticas mais seguras em relação a essa substância tóxica.

Fonte: G1

Romeu Lima

Recent Posts

Taís Araújo denúncia Manuela Dias ao Compliance da Globo

A atriz Taís Araújo, após ficar Insatisfeita com os rumos da sua personagem, Raquel Acioly,…

17 horas ago

Lula recebe líderes de oito países para reuniões bilaterais no Museu Emílio Goeld

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ao Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG) por…

19 horas ago

Cresce número de inscritos com 60 anos ou mais no Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano trazem um recorde para às inscrições…

22 horas ago

Conmebol define uniformes de Palmeiras e Flamengo para a final da Libertadores

A Conmebol definiu que Palmeiras e Flamengo usarão seus uniformes principais na final da Libertadores,…

2 dias ago

Postos Médicos de Apoio para a COP30 Iniciam Atendimento nesta terça-feira

Os primeiros Postos de Atendimento Médico (PAMs) de apoio à 30ª Conferência das Nações Unidas…

3 dias ago

Outubro Rosa: o que realmente salva vidas?

Outubro é o mês dedicado à prevenção e ao diagnóstico precoce do câncer de mama.Segundo…

1 semana ago

This website uses cookies.