Os impactos da desigualdade e do clima na saúde brasileira

Os impactos da desigualdade e do clima na saúde brasileira

Mosquito Aedes sugando sangue humano na pele Por Mumemories
Mosquito Aedes sugando sangue humano na pele Por Mumemories

Pesquisadores alertam que as mudanças climáticas no Brasil podem intensificar problemas de saúde, especialmente para os mais vulneráveis.

O aumento das temperaturas e eventos climáticos extremos podem se tornar mais frequentes no Brasil nos próximos anos, de acordo com especialistas ouvidos pela BBC News Brasil. O impacto dessas mudanças, no entanto, não será igual para todos, sendo a desigualdade social um fator determinante.

Arboviroses em Foco

Cássia Lemos, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), destaca que as arboviroses, doenças transmitidas por mosquitos, devem liderar o aumento de casos. Além da dengue, a malária é prevista para se expandir na região Norte e atingir o litoral do Nordeste até 2050.

Risco de impacto das mudanças climáticas resultando em malária em 2020 e projeção de risco de impacto das mudanças climáticas resultando em malária em 2050

Fatores Socioeconômicos Ampliam Riscos

Ao analisar o perfil epidemiológico, condições de saúde e aspectos socioeconômicos, os pesquisadores concluíram que não são apenas as mudanças climáticas que contribuirão para o aumento das doenças. As características socioecológicas da população brasileira também favorecem a proliferação de patologias.

Vetores Resistentes e Problemas Emergentes

Leandro Gurgel, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), ressalta a adaptação dos vetores, como mosquitos, a extremos climáticos, tornando-se mais resistentes. O Aedes aegypti, transmissor de dengue e zika, exemplifica essa resistência, reproduzindo-se em condições antes consideradas improváveis.

Além das Arboviroses

Não serão apenas as arboviroses a desafiar a saúde pública. Estudos indicam que doenças respiratórias, cardiovasculares e renais tendem a aumentar com o acréscimo de 1,5ºC a 4ºC na temperatura média até o final do século.

Aumento de Doenças Infecciosas e Parasitárias

Alagamentos decorrentes de desastres naturais podem elevar a incidência de doenças infecciosas e parasitárias, como leptospirose. A falta d’água, causada pelo calor intenso, também pode contribuir para casos de esquistossomose e diarreias.

Necessidade de Ação Imediata

Diante desse cenário, especialistas alertam para a urgência de medidas de mitigação das mudanças climáticas. O aumento das doenças não é apenas um reflexo do ambiente agredido, mas também uma consequência da agressão ao meio ambiente.

Chamado à Conscientização

É crucial que a sociedade compreenda a gravidade das mudanças climáticas e se mobilize. A falta de acesso a serviços básicos de saúde pode transformar grupos vulneráveis, como idosos e crianças em situação precária, em potenciais vítimas. O planejamento urbano e a adaptação dos serviços de saúde tornam-se essenciais diante desses desafios iminentes.

Fonte: BBC